MOLEIRA

Um blog sobre o contidiano de um cara a beira de vinte e três horas em volta do sol! Por hora é isso só.

15 maio 2006

O olho mágico

Janela fechada, cama arrumada e vazia, a porta trancada e observada tão fixamente que quase da para ver do outro lado, se visse, veria a rua vazia, sem ninguém e sem nada, talvez alguma alma penada, talvez um bandido, alguma coisa muito cruel, monstruosa, sem sentimentos, pronto para atacar alguém. O desespero começa a tomar conta, ela se levanta, pega o telefone, disca, desliga antes que comece a chamar, sente um nó na garganta, vai a cozinha, pega um copo d’água e senta-se novamente na cadeira de balanço. Sai algum som de sua boca.
_ ufssss
Suspiro de cansaço, controle, sono e temor. Escuta um barulho vindo da rua, olha pelo olho mágico, não vê nada, quase chora, senta-se novamente na cadeira, desta vez encolhida.
_ Por favor, por favor...
Suplica, imagina coisas, um assaltante, um carro dirigido por um jovem bêbado e inconseqüente, uma briga de rua, facas, pedras, garrafas de vidro, cadeira de bar, taco de sinuca, armas de fogo, sangue, choro, caixão, enterro... Começa a chorar, o nariz fica vermelho, segura o soluço, as lagrimas escapavam, não tinha como segurar, a imaginação pessimista e fértil continuava, um, dois, três, soluços... Quase não podia se controlar.
Barulho no portão, ela duvida.
_ Será imaginação?
Não importa, na agonia, corre para ver. O olho mágico mostra a imagem de seu filho chegando feliz, com passos dançantes, um rapaz jovem, forte, o mais lindo do mundo a seus olhos, um amor de menino.
Ela corre para o quarto, deixa a porta entreaberta, deita-se, ouve o barulho da porta se abrindo, junta as palmas da mão, senti um alívio tão grande que seu corpo quase entra em nirvana, suspira fundo e baixo.
_ Obrigado senhor, por ter protegido meu filho, por mais uma semana, Ave Maria cheia...

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