MOLEIRA

Um blog sobre o contidiano de um cara a beira de vinte e três horas em volta do sol! Por hora é isso só.

26 setembro 2006

Assim vem

Assim vem a morte,
assim a morte vem,
a morte assim vem,
a morte vem assim,
vem a morte assim,
vem assim a morte,
De várias maneiras
De repente ou não,
Assim vem.

17 setembro 2006

Hum...

É isso aí, mais um fim de semana está indo, mais dias passam, mais momentos ficam na memória, mais anos de idade, mais fios no rosto, menos força nas pernas, mais barriga, mais preguiça, mais tempo eu vivo, menos tempo eu tenho...

13 setembro 2006

Perdendo a criança

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No sobe e desce desvairado nos degraus do edifício, ele sempre pensa em algo que esquece quando termina este exercício, quando lembra, esquece que lembrou e a mente fica assim, no sobe e desce da memória. Quando desce fica alegre, quando sobe fica triste, vice-versa, desce e sobe. No mundo dos humanos, um segundo é precioso, e nesse corre e corre, perde a vida trabalhando e ainda morre orgulhoso. Acontece com todos, se não todos, noventa por cento. É a grande maioria esmagadora, sofredora e... orgulhosa. Acontece que ao descer dos degraus, lembrei de Luis dos Santos Barbosa, um mendigo cujo um segundo é só uma fatia do minuto e nada mais, uma fatia de chocolate, saboreada com delicadeza e calma, a calma que o faz viver, que o faz ser diferentemente feliz que o faz simplesmente ser, seu sorriso sincero e seu relógio estragado, ha anos parado, e eu a olhar para minha hora, lembro que eu já fui engolido pelo mar, que estou com a bola parada e já são quase vinte do segundo tempo, como me recuperar agora? Eu exalo humanismo, exalo socialismo, fedo ética, exalo até hipocrisia, numa mistura monstruosa acabo exalando adultismo. Aos poucos vejo acabando o recreio, me dirigindo à sala de aula, comportando-me, escrevendo, sofrendo como adulto, minha criança está indo para o castigo eterno, onde milhares já estão, esquecidas em fotografias, fitas de vídeo e agora em maquinas digitais, mas criança gosta de carinho, atenção, amor, quando falta, ela morre, pressinto que a minha morrerá mais cedo ou mais tarde, este é o destino da maioria. Sinto admitir isto, mas é a mais pura verdade, isto desde quando o homem se enganou sobre o que é vida.
Apouco não aceitava esta condição, brincava que sou eu Enzo, o crianção, mas como disse, fui engolido pelo destino que me fora escrito, não consegui desmanchar as linhas que me foram destinadas, tentei, juro que tentei, sabem que tentei, mas hoje quando olho no espelho e a barba denuncia, solto com tamanha tristeza e um pouco de apatia:
_ É Enzo, quem diria.
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12 setembro 2006

O parto do lápis na cama de celulose

Fazer do mundo um poema
Lirisar os problemas
Sentir o céu aos meus pés
Querer quem me quer
Sentir o figurado, sabendo que,
Há um pouco de concreto
Do lado do abstrato
Há uma prisão perpétua
Para cada um de nossos atos
Mas nas entrelinhas pode-se
Voar sem asas, mergulhar em letras.
Amar em brasas, morar em outro planeta.
Então...
Toquem as cornetas, chamem os anjos.
São milagres acontecendo
Independente de Santos
As linhas medidas, sofrendo metamorfose.
Gostam de sofrer, de valer pra valer.
De ser infinitas, infindas, universo.
Uma ilusão de ótica, uma frase gótica
E as mesmas linhas paralelas se beijam
Na extremidade da visão, se agarram.
Só um sonhador é que enxerga
Esta vida em página.
Para a folha é uma sorte
Ser rabiscada sem limites.
Só uma folha fortuna emite
Uma quimera virgem.

Eu entrevistando eu II

E - Enzo
R - Repórter


R _Voltamos do comercial para continuarmos a entrevista com o Enzo:
R _ Enzo, saindo daquele assunto chato e desinteressante, eu quero falar agora sobre o mundo. O que você acha dele?

E _ Bom, eu acho o mundo um grande bosta, nós somos os mosquitos e bactérias nele presentes, alguns destes seres gostam muito desta bosta, outros não. Geralmente a classe que se contenta são os mosquitos, que vivem como se estivessem em outro mundo, por cima de todos, olhando as bactérias se sujarem na merda, se mordendo por pedaços de bosta, observando as grandes e descontroladas famílias bacterianas. A classe que não agrada deste mundo é a classe que realmente vive nele, conhece como é estar na merda, tentam virar moscas e escapar, mas quase sempre se afundam e, sujas, não conseguem mais se erguerem, assim passando a vida do jeito que dá ou que deu.

R _ Ô louco Enzo, mas como você pensa assim? Que o mundo é uma bosta, não tinha melhor comparação não?

E _ Na verdade, uma bosta não é tão ruim assim como você pensa. Uma bosta pode até ficar cheirosa e boa para se viver, pois se as bactérias cuidarem deste tipo de ambiente, pode até nascer uma rosa. Além do mais, hoje acordei de mau (mau com L) humor, talvez se tivesse acordado bem, teria comparado o mundo a outra coisa que não me vem a cabeça agora.

R _ Sei... E porque citar os mosquitos?

E _ Não me venha com perguntas idiotas de novo eim, os mosquitos exitem em qualquer lugar uai, estão sempre atazanando a todos, aproveitando a superioridade das asas para explorar quem nasceu desprovido delas, que é o nosso caso.

R _ Esta bosta acaba?

E _ Você esta falando da entrevista?

R _ Não, idiota! Estou falando do mundo.

E _ A sei, é simples a resposta: As vezes a bosta seca e nem fungo dá... PERAÍ!

R _ Vamos ao comercial, o nosso entrevistado teve que ir ao banheiro!

07 setembro 2006

Mais um

Corro, corro, corro e nunca chego, olho para os lados e todos correm me deixando para trás, há alguns que nem vejo passando, minha roupa rasgada e pesada, bostas pesadas também, o chão pregava não me deixando progredir o que eu poderia, aos poucos não aguentava mais correr, algo estava para me pegar, o desespero tomou conta. Abro os olhos levanto bruscamente, bato a cabeça acidentalmente na parede e começa mais um dia daqueles.

05 setembro 2006

Vinícius, o pé de mamão, os manos e eu

Antes do começo (estranho, mas vale), estava Vinicius vulgar “bigóda” e eu jogando um pedaço de um pé no rio, mas não era pé de gente, nem de animal, era um pé de mamão, esperando a morte, jogado na terra, depois deste drama todo, decidimos acabar com seu sofrimento e o jogamos no rio. Tentativa frustrada, o pé de mamão resistiu e boiou até onde pudemos vê-lo, depois sumiu na escuridão da noite. Então sem dar importância ao sofrimento mamonês, nós demos a partida nos nossos pés para ir embora, no caminho de casa, faltando por volta de sem (sem com c) metros, nós fomos abordados por quatro manos (funkeiros) que aparentemente queria nos agradar, dando socos e ponta pés, ponta peito de pé, ponta de faca e coisas assim, talvez fosse ponta de ódio, que seria sem motivos, ou acho que estavam com nojo da nossa cara, desconfio que pela feiúra, mas eles já deviam ter se acostumado com a própria. Mas comecemos o diálogo dos seis caras.
Manos:
_ Aí cara, quê que você tem de bão aí?

Eu:
_ Nada e você?

Manos:
_ Você sabe nadar véi?
(Estávamos na beira rio, os seis andando no passeio, bem pertinho do rio, como diria o Kiko: O quê que ele quis dizer com isto?)

Eu:
_ Sei nadar um pouquinho, mais ou menos para falar a verdade.
Vinícius estava calado.

Eu de novo, mudando de assunto:
_ Quê que vocês estão arrumando aí? Nada né, aqui na cidade num tem porra nenhuma né, vocês vão beber uma cervejinha?

Manos:
_ É aqui em Nova Era não tem nada mesmo, agente num vai beber cerveja não, agente quer é sangue humano.

Eu:
_ Uéééer, sangue humano né.

Manos:
_ ÉÉÉ, no copo, sangue humano.

Eu:
_ Cara se você quer sangue humano, o jeito é lamber perereca de mulher menstruada uai.

Manos:
_ Aí cara, agora você está me tirando, to falando de sangue porrada, “qualé”?

Um dos manos no momento preparou para nos atacar, então atravessamos a rua como quem não quer nada, assim evitando o linchamento.

Eu:
_ Que isso cara to te tirando não, falo...

Vinícius abre a boca:
_ Falo! rirri, caras doido eim véi!

Os manos seguiram o caminho e agente sentou no passeio da minha casa, ainda com o cu ainda trancado, começamos a zoar da situação e depois cada um foi pra sua casa dormir. Enquanto isso, já distante dali, o pé de mamão segurava as pontas no rio.

03 setembro 2006

MOLEIRA

MOLEIRA
Louco é quem não comete loucura.

01 setembro 2006

Onde está minha cabeça?

Meu Deus!
Perdi minha cabeça, estava andando por estas ruas negras, cheias de breu, vi o que não podia ver, vi tudo de ruim, pode até escolher e não adianta fechar os olhos, pois as imagens se formarão, através do cheiro ou da audição, também pra quer tentar fugir? Entrar em qualquer buraco por aí? Seus sentidos sentirão em qualquer lugar, não percebe que o clima que nos ronda é um mar?

Saia do buraco rapaz, você não se livrará, esta praga está em todo lugar, na sua cabeça e na minha, pode ter certeza, pode chorar, mas não vai adiantar, sinto lhe dizer, mas a cidade já é o que era para ser, você já ouviu a música urbana? Pois é assim que se chama, bem vindo a vida urbana, ou mau vindo, seja lá o que for, você já está nesta chama, neste mar de chamas.

Meu Deus!
Me desculpa estar falando assim com você, era só um desabafo que eu tinha que fazer, onde eu estava com a cabeça, onde está minha cabeça? Será que o lixeiro pegou? Ou será que alguém roubou? Será que eu deixei em algum lugar? Deixa eu me lembrar, acho que uma ipoteca que veio cobrar, será? Será Renato? Será? Será?