MOLEIRA

Um blog sobre o contidiano de um cara a beira de vinte e três horas em volta do sol! Por hora é isso só.

31 maio 2006

Demorou mais achou

Ele acorda mal humorado, ela lhe da um beijinho e o olha com expressão de carinho, os dois se completam, ele não acha, e... sai sem beijá-la, ele olha para trás e diz que tem pressa, ela deixa formar e transbordar uma lagoa em sua face, os dois se completam, ele não acha, ela faz a comida com carinho, ele come com voracidade e vai tomar banho, os dois se completam, ele não acha, ela se arruma toda, passa perfume vesti a camisola que ele nunca viu ou reparou, separa cremes e aromatizantes, ele sai do banho e vai dormir, os dois se completam, ele não acha, ela sai silenciosa pelas sombras, com a face manchada pela lagoa que novamente transbordara, enquanto ele ronca na cama, os dois se completam, ele não acha.Ela se da por completo a um atencioso amante, os dois se completam, ela acha.

20 maio 2006

Vocês ganharam, estão satisfeitos?

Meu emprego não é emprego, meu trabalho não é trabalho, dizem isto de mim, não para mim, não perguntam, apenas julgam.

“eu” eu mesmo
“ele” a pessoa que querem que eu seja.

Frases repetidas espancam meus ouvidos e estraçalham meus pensamentos, a cada letra que é soletrada pelos seus lábios, meu sorriso sofre um golpe, da sua boca saem palavras sábias, socialmente corretas, você e eles estão com toda á razão, largo meus sonhos de lado, sigo o mesmo caminho de muitos, serei agora “ele”, abandonei meu “eu”, porque apesar de ter resistido bastante, hoje ele deu o ultimo suspiro e sua ultima palavra foi: desculpa.
A partir de hoje, começo uma nova vida, serei um homem direito, procurarei entrar em qualquer empresa que me dê um bom plano de saúde, que vacine seus empre(gados), que me dê garantia de salário e de uma vida digna de um brasileiro, um operário, trabalharei incessantemente para ajudar minha futura companhia a sugar meu Brasil. Será lindo, já posso imaginar as pessoas da cidade dizendo:
_ Olha gente, Enzo entrou para a “Va.. (CURD)”, agora sim ele tomou jeito, vai ser um grande pai de família!
Já posso ver a felicidade nos rostos familiares, o sorriso, a comemoração, talvez até festa, eu posso ver também o dinheiro na minha mão (importantíssimo para ser um bem sucedido e bom homem) e me vejo com 40 anos, indo e voltando todos os dias do ano para trabalhar, sendo estável, monótono e infeliz, mas estável. Para “ele”e todos, é isso que importa.
Então é isso, hoje terminaram de matar meu “eu”, que está jogado no canto de um quarto, encolhido, só deixando meros vestígios. O “ele” agora livre e poderoso, começa seus planos, já pensa em largar a banda, largar o skate, largar a criança que morreu com o “eu”, largar o prazer, o sorriso, a alegria de viver.
Vocês venceram, a sociedade venceu, serei o que vocês querem. Desculpe tanta resistência, só estava querendo ser eu.

15 maio 2006

O olho mágico

Janela fechada, cama arrumada e vazia, a porta trancada e observada tão fixamente que quase da para ver do outro lado, se visse, veria a rua vazia, sem ninguém e sem nada, talvez alguma alma penada, talvez um bandido, alguma coisa muito cruel, monstruosa, sem sentimentos, pronto para atacar alguém. O desespero começa a tomar conta, ela se levanta, pega o telefone, disca, desliga antes que comece a chamar, sente um nó na garganta, vai a cozinha, pega um copo d’água e senta-se novamente na cadeira de balanço. Sai algum som de sua boca.
_ ufssss
Suspiro de cansaço, controle, sono e temor. Escuta um barulho vindo da rua, olha pelo olho mágico, não vê nada, quase chora, senta-se novamente na cadeira, desta vez encolhida.
_ Por favor, por favor...
Suplica, imagina coisas, um assaltante, um carro dirigido por um jovem bêbado e inconseqüente, uma briga de rua, facas, pedras, garrafas de vidro, cadeira de bar, taco de sinuca, armas de fogo, sangue, choro, caixão, enterro... Começa a chorar, o nariz fica vermelho, segura o soluço, as lagrimas escapavam, não tinha como segurar, a imaginação pessimista e fértil continuava, um, dois, três, soluços... Quase não podia se controlar.
Barulho no portão, ela duvida.
_ Será imaginação?
Não importa, na agonia, corre para ver. O olho mágico mostra a imagem de seu filho chegando feliz, com passos dançantes, um rapaz jovem, forte, o mais lindo do mundo a seus olhos, um amor de menino.
Ela corre para o quarto, deixa a porta entreaberta, deita-se, ouve o barulho da porta se abrindo, junta as palmas da mão, senti um alívio tão grande que seu corpo quase entra em nirvana, suspira fundo e baixo.
_ Obrigado senhor, por ter protegido meu filho, por mais uma semana, Ave Maria cheia...

11 maio 2006

Deixo pra depois

Pego leite, ponho um chocolate, misturo bem, passo manteiga no biscoito, vou pro computador, tenho vontade de escrever algo que presta, mas minha cabeça não funciona como quero, as vezes tento dizer coisas bonitas, ou pesadas, mas tenho medo que saia chorume, não medo pelas opniões alheias, mas pela autocrítica, se tem alguém que me critica toda hora, esse alguém sou eu.
Penso, penso, tento falar sobre a "tal da autocrítica" e percebo que meu mal com "u" está imponente na minha cabeça, não há o que fazer, não me deixa raciocinar, prefiro então parar por aqui e deixar o assunto pra depois.

10 maio 2006

Moleira



Há dias em que mesmo acompanhados estamos sozinhos, há dias em que mesmo sozinhos, estamos acompanhados. Não sei o caso desta flôr, as vezes, não sei o meu caso.